domingo, 29 de novembro de 2015
Novembro Azul e o jus sperniandi
quinta-feira, 1 de outubro de 2015
Todo ano tem: Outubro Rosa
- O câncer pode ser evitado?
- Descobrir o câncer precocemente diminui a mortalidade?
- Como está o tratamento do câncer de mama no Brasil?
Quer ajudar? Cobre os gestores públicos para que ofereçam não apenas caminhões pintados de rosa, mas hospitais resolutivos no diagnóstico e tratamento do câncer de mama. Vai por mim, esse lacinho rosa na camisa e no Facebook não estão salvando ninguém. Mas em tempos onde o foco é o comportamento politicamente correto em redes sociais, quem se importa?
quarta-feira, 30 de setembro de 2015
Imagina?
- Pai, tinha dois homens com arma ali.
- Foi, eu vi. São seguranças.
- E por que eles estão com arma?
- Pra nenhum ladrão chegar perto.
- Mas se um ladrão chegar perto, ele atira?
- Sim, Ju, atira. Mas vamos torcer pra não ter ladrão, não é?
- Se for ladrão, espero que não seja pai de alguém...
- (...)
- Imagina pai, a criança estar em casa esperando o pai, e o pai não chegar, porque era ladrão e o segurança atirou nele?
terça-feira, 25 de agosto de 2015
Analfabetismos
Quando eu tinha uns 18, 20 anos, havia um funcionário do prédio onde eu morava que era conhecido da minha família desde criança. Ele tinha um déficit auditivo importante (aparentemente resolveria com uso de aparelho auditivo, mas ele não queria usar alegando que "as pessoas falavam muito alto" - essa história talvez renda outro post um dia). Salvo engano era analfabeto também, um "analfabeto funcional".
Esse camarada gostava muito da minha família, e tinha uma relação interessante comigo: a cada eleição ele me perguntava em quem votar. Alegava que as demais pessoas mandavam ele voltar em ladrão, e eu saberia quem mereceria o voto dele. Não sei de onde ele tirou isso, porque embora eu já tivesse uma visão política de esquerda (graças às excelentes influências familiares e ao movimento estudantil), não me lembro de ter tido com ele qualquer conversa nesse sentido.
Pois bem: eu sempre indicava. Não adiantava tentar explicar porque fulano era melhor que beltrano, ele não queria saber. Só me pedia que anotasse em um papel os números dos candidatos para que ele levasse a "colinha" pra urna. E assim eu fiz eleição após eleição, até perdermos contato. Ele era não apenas analfabeto em relação à capacidade de leitura e escrita, mas um entre tantos "analfabetos políticos". Pessoas que têm dificuldade em entender o assunto, seja por falta de bagagem, seja por preguiça, seja por desprezar o assunto.
Eu lembrei dessa história hoje ao ler o termo "analfabeto científico". Pensei imediatamente na enorme quantidade de médicos que não busca atualização em literatura científica. Para estes médicos, basta alguém dizendo o que fazer: solicite este exame, prescreva aquele medicamento. Eu tenho colegas formados há 10 anos ou mais que ainda repetem as mesmas condutas da época em que se formaram sem questionar. Outros que se "atualizam" em eventos financiados pela indústria farmacêutica. E por aí vai.
O funcionário do prédio onde eu morava parecia se importar com o seu voto, mas de repente achava que entender isso mais a fundo não era pra ele. Será que os médicos "analfabetos políticos" são assim também? Sabem que é importante ter boas práticas, mas acham que "não é pra eles" entender as evidências científicas mais a fundo? Se for esse o caso, uma pena. Porque quem não gosta de política está sujeito a ser governado por quem gosta. E médico que não gosta de estudar de verdade está sujeito a quem?
quinta-feira, 21 de maio de 2015
Um dia de um médico de família
Pra mim a melhor maneira de celebrar é mostrar mais como é o nosso cotidiano, então eu finalmente terminei a tradução de um texto sensacional publicado no mês passado por uma colega britânica chamada Zoe Norris.
O original está AQUI. A tradução é livre, não chancelada pela autora e quaisquer erros se devem à imperícia do tradutor, e nada mais.
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terça-feira, 3 de fevereiro de 2015
Conversa de engarrafamento
sexta-feira, 2 de janeiro de 2015
Uma historinha pro ano novo
Eu tive uma crise de dor lombar nos últimos dias como nunca tinha tido. Melhorei antes da noite da festa de Réveillon graças à mudança na posição de dormir, alguma atividade física e uns comprimidos (quem me conhece sabe o quanto eu os evito), mas ainda estava meio torto ontem. Ao sair de casa rumo à praia, pra ver a queima de fogos de artifício à meia noite, uma das minhas filhas pediu pra ir "no meu pescoço", o que significa "sentada nos meus ombros" (ou "na cacunda"; nordestinos entenderão). Ainda tinha dores, mas sob protesto de alguns parentes que não queriam que eu forçasse a coluna, coloquei a pequena sobre os ombros e segui. Na volta, com dores e já de mãos dadas com a pequena, que estava bem feliz, eu vi uma senhora de cabelos curtinhos, grisalhos, andando com imensa dificuldade, apoiada por dois homens que soltavam palavras de estímulo o tempo todo. "Vamos!", "Isso! "," Agora descansa, sem problema!".
Impossivel não lembrar da minha mãe, que estava nas mesmas condições há apenas 1 ano, e que este ano já não estava com a gente. Pensei na hora nela, na falta que fazia naquele momento, e em quantos Réveillons ainda terei com minhas filhas, e em quantos ainda poderei carregar uma delas nos ombros ou abraçar a outra que tinha medo dos fogos e depois ir pular ondas com ela pra passar o medo... e nessa hora as costas não doíam mais, embora tivesse uma lagrimazinha no olho...
Um feliz 2015 pra vocês. Que tenham muitos momentos felizes, que tenham a sabedoria de reconhecê-los e a coragem de aproveitá-los.