domingo, 23 de março de 2014

Declaração de intenções - Eleições 2014



Eu, cidadão brasileiro, com tendências esquerdistas-libertárias (pelo menos é o que diz o politicalcompass.org), declaro neste momento as minhas visões e intenções em relação aos envolvidos no processo eleitoral brasileiro que acontecerá neste ano de 2014:

1) O PT, que recebeu a maioria dos meus votos nos últimos 20 anos, passou de sonho para realidade dura. A despeito dos enormes avanços promovidos pela ampliação dos programas sociais, nunca vistos antes na história desse país, ou talvez por causa deles, o partido entrou em uma zona de conforto que o torna absolutamente inapto para assumir a postura agressiva que seria exigida para conduzir as reformas que este país necessita. Já houve um tempo em que o partido tinha capital político para enfrentar os que se beneficiam do status quo político/econômico/social neste país, mas em vez de fazê-lo, o partido parece ter oPTado por entrar no esquema. Conclusão: pretendo fazer o que considero um bem ao partido: fazer o que estiver ao meu alcance para, dentro das vias legais e democráticas, tirá-lo do poder, dando-o a oportunidade de sair da poltrona fofinha, largar o toddynho gelado e repensar sua trajetória, que hoje está tão distante do que os barbudos propunham pouco mais de três décadas atrás. Caso não consiga, pretendo fazer o que puder para incomodar, no bom sentido, o seu governo, questionando todas as besteiras que façam, reconhecendo o que ocasionalmente surgir de positivo.

2) O PSDB, a quem sempre fiz oposição, parece não ter aprendido a desempenhar o papel de segunda via. Mesmo após 12 anos vendo o PT no poder máximo, o partido não foi capaz de fazer o mínimo: uma agenda propositiva para o país. Talvez porque suas bases ideológicas tenham sido demolidas pelo cenário mundial neste período, ou pelo fato de não ter lideranças forjadas nas ruas, nos debates, mas sim nos gabinetes dos que sempre dominaram este país. Resultado: o partido parece murchar a cada eleição, o que também o torna inapto para mudar o país, pois para ter alguma governabilidade precisaria vender (sem alusão à privaria, tá?) até as cuecas e calcinhas para conseguir aprovar qualquer coisa naquele congresso imundo que temos. Conclusão: pretendo fazer o que considero um bem ao partido: fazer o que estiver ao meu alcance para, dentro das vias legais e democráticas, mantê-lo longe do poder, para que ele jamais imagine que esta trajetória ridícula dos últimos anos tenha qualquer ressonância em um segmento relevante de nossa sociedade. Torço (embora não acredite) que mais uma derrota acachapante balance suas lideranças e os direcione para um posicionamento e atitudes mais condizentes com uma oposição realmente útil ao país.

3) O PSB, postulante ao papel de terceira via, embora defenda uma nova política parece ter prática bem distinta. Pelo menos por estas bandas, onde estamos na dinastia do candidato do partido, a prática clientelista é cena comum, e não dá pra imaginar que seria diferente em nível federal. Os apoios que o candidato tem atraído demonstram isso melhor do que eu conseguiria explicar. Sobre o modelo de gestão que tem atraído tantas loas, posso testemunhar que é de fato muito interessante. O problema é que não adianta ter um modelo de gestão efetivo se as premissas estão erradas. E se você busca elaborar políticas públicas a partir de pesquisas de opinião, há uma chance boa de que você erre bastante, porque não basta captar idéias em um ponto no tempo, é preciso promover a circulação de idéias para que estas amadureçam. Gestão democrática não é ouvir as pessoas na calçada através de um instituto de pesquisa, mas sim criar espaços de discussão de propostas que sejam plurais e cujos produtos seja de fato considerados. Talvez este seja um dos grandes problemas do PSB. Conclusão: já que é pra escolher alguém neste processo, me parece que o PSB é a opção menos ruim, desde que me convença ao longo da campanha que não imporá qualquer retrocesso às políticas sociais do PT. Acho que o partido em si não será capaz de trazer algum benefício direto ao país porque pratica o mesmo fisiologismo que nos atrapalha tanto, mas talvez traga algum ganho indiretamente, sendo uma opção razoável enquanto a esquerda de verdade (porque de socialista o PSB não tem nada) se organiza novamente em torno de um projeto decente para voltar ao poder. Se eles não atrapalharem muito enquanto as idéias se arrumam, já tá de bom tamanho. Só não contem com meu voto no primeiro turno.

É isso. Quem quiser esticar essa prosa tomando uma cerva gelada pode me chamar que eu vou. Ou talvez ninguém queira me chamar pra uma cerva depois disso. Enfim. A seção de comentários tá logo abaixo.

Um comentário:

Unknown disse...

Rodrigo, primeiro parabéns pela coragem de se colocar.
Agora, penso que seria interessante o PSB convidar você para participar da construção da sua política de governo. Quem sabe as ideias não amadureceriam?
Abs
Angela