"Se foi", não. "Foi levada" seria mais apropriado.
O fato é que, estranhamente, as lembranças dela são mais vivas agora do que eram quando ela estava por perto.
(Há quem diga que ela está, mas infelizmente nem nessa hora eu me rendi ao conforto da crença no sobrenatural).
Olho para a estante, e vejo um livro de Rubem Alves que a emprestei, e acabei lhe dando um de presente.
Vou ouvir música, e toca uma do Chico Buarque que ela gostava (e que cantarolava, baixinho, deitada, há meros nove dias atrás).
Até canjica me apareceu esses dias...e eu lembro como ela adorava fazer a canjica dela...e como eu e outros nos revezamos mexendo o caldeirão da última, no ano passado.
Não que fisicamente ela estivesse muito presente nos últimos meses. O câncer havia engatado a quinta marcha desde o final do ano passado. E era a última marcha.
Finalmente cheguei a uma conclusão. Não é que eu me lembre dela o tempo todo: na verdade eu sou, em parte, ela. Assim chega o conforto, consequência óbvia diante de uma realidade imutável. Ela sempre estará aqui, não por nada, mas pelo simples fato de ter sido tão determinante no que eu me tornei.
Então além de saudade, fica a gratidão. E a vontade de deixar um pouquinho dela, de mim, de nós, nas minhas pequenas.
Pequenas que lembrarão pouco disso tudo, mas que já encontraram uma maneira de lidar com o fato: batizaram a estrelinha de brinquedo de "vovó Zete".
Então, vida que segue. Do jeito que ela sempre disse que tinha que ser.
Mas com a estrelinha por perto.
Lindo, Rodrigo. Tu és frio, mas és quente. Texto limpo, mas tocante. Foi bom de ler.
ResponderExcluirToda vez que quero ler algo lindo sobre ela, venho aqui e lógico q sempre me emociono... hj vim aqui mais uma vez e sempre voltarei, sempre!
ResponderExcluirVoltei hj de novo ♡
ResponderExcluirVim de novo hj ❤
ResponderExcluirDepois de um texto lindo seu sobre a perda de Titio hj, vim atrás mais uma vez dessa leitura aqui, que me conforta.
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